Necrópole do Pardieiro

Categoria: Arquitetura civil > Museu

Distrito: Beja > Beja > Odemira

A Necrópole do Pardieiro é um importante sítio arqueológico localizado na Serra da Vigia, na freguesia de São Martinho das Amoreiras, no concelho de Odemira, na região do Alentejo, em Portugal. O local consiste em treze estruturas funerárias, das quais onze foram elaboradas em pedra seca, com planta de forma sub-rectangular, todos justapostos. As outras duas sepulturas ocupam uma posição periférica. As onze monumentos centrais cobriam sepulturas em fossa, abertas nos xistos da rocha base, e tapadas por lajes de grandes dimensões, das quais algumas eram aparelhadas e tinham elementos decorativos.

O local foi habitado durante a primeira Idade do Ferro, há cerca de 2500 anos, e foi identificado em 1971, tendo sido alvo de trabalhos arqueológicos pela primeira vez sob a coordenação de Caetano de Mello Beirão e Virgílio Hipólito Correia. Entre o espólio recolhido no local destaca-se a presença de grãos de cevada tostada, que poderão indicar que o cereal foi alvo de um processo para a sua conservação, ou para a produção de malte, que iria ser utilizado no fabrico de um tipo de cerveja primitiva, conhecida como cervoise.

O local também é de grande importância pela presença de três lápides em pedra, gravadas com escrita da primeira Idade do Ferro do Sudoeste Peninsular, que poderá ser o sistema de escrita mais antigo na Europa Ocidental. Foram igualmente recolhidas duas estelas ornamentadas com gravuras em forma de pé, denominadas de podomorfo (es), bem como várias oferendas votivas de contexto funerário, incluindo colares de contas em âmbar e pasta vítrea, pingentes em cornalina, peças em cerâmica, e algumas armas em ferro, como facas e pontas e contos de lança.

O monumento foi aberto ao público em 6 de Maio de 2008, num evento que incluiu igualmente uma palestra de Virgílio Hipólito Correia sobre a Necrópole e o estudo da Escrita do Sudoeste, na Biblioteca Municipal de Odemira. Desde então, o local tem sido alvo de trabalhos de restauro e conservação, bem como de intervenções para valorizar e sinalizar o sítio arqueológico. Em Maio de 2017, o Grupo de Estudos do Território de Odemira organizou um programa que incluiu a visita da Necrópole do Pardieiro, coordenada pelo arqueólogo Jorge Vilhena, juntando a vertente arqueológica e histórica à cultura da região, do ponto de vista da antropologia e da gastronomia.

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0/deed.pt