Igreja Matriz de Vila Cova de Alva
Vila Cova do Alva, situada numa das margens do rio Alva, é uma localidade de origem remota, à qual foi concedido carta de foral pelos bispos de Coimbra (donatários da região), renovada, em 1540, pelo rei D. João III. Teve como primeira matriz a ermida de São João de Alqueidão, uma das nove ermidas citadas pelo prior da freguesia, na Informação Paroquial de 1712 (esta constitui a única referência à anterior sede paroquial) (ANACLETO, 1996, p. 51). A actual igreja matriz, dedicada a Nossa Senhora da Natividade, é uma construção do século XVIII, que devia estar concluída em 1712, conforme a data patente na base da cruz que remata a fachada principal. Esta data assinala também um outro importante acontecimento - a fundação do convento de Santo António, por iniciativa do desembargador Luís da Costa Faria, de Arganil, que deverá também ter contribuído financeiramente para a obra da matriz. O interior é definido por linhas sóbrias, com arco triunfal formado por pilastras cujos capitéis são prolongados na cimalha que percorre todo o perímetro da nave. A mesma linguagem repete-se nas duas capelas laterais. Contudo, a austeridade arquitectónica é quebrada pelo vasto, mas circunscrito, programa de talha dourada e pintura, que confere ao espaço um forte sentido de unidade (CORREIA, GONÇALVES, 1952, p. 24). O tecto, em caixotões, apresenta pinturas hagiologias, prolongando-se até ao arco triunfal, numa solução de continuidade, que ocupa toda a zona superior à cimalha. Dois altares colaterais, com retábulos de estilo nacional, encontram-se bem definidos pelas molduras do arco, idênticas às das restantes capelas. Na realidade, é esta delimitação dos altares que impede que todo o conjunto se transforme num imenso retábulo, como acontece, ainda que em menor escala, no Santuário de Nossa Senhora dos Verdes, em Aguiar da Beira, por exemplo. O retábulo-mor, contemporâneo dos demais, parece desenvolver o modelo patente nos retábulos colaterais, integrando, entre as duas colunas torsas, nichos com as imagens de Nossa Senhora do Rosário e de Santo António, do mesmo período. Na tribuna, figura, naturalmente, a padroeira do templo - Nossa Senhora da Natividade. Nesta igreja, existia ainda a Irmandade das Almas, muito possivelmente instituída pelo desembargador já referido, e que deu origem à Misericórdia, cuja igreja apresenta uma fachada considerada como "um dos mais interessantes exemplos regionais de arquitectura barroca" (ANACLETO, 1996, p. 52).
Data: 24 August 2016, 09:25
Autor: Vitor Oliveira from Torres Vedras, PORTUGAL
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