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Convento de Santa Maria de Semide

Situado entre a ribeira do Arouce e o rio Ceira, numa meia encosta rodeada de bosques e arvoredo, o mosteiro de Santa Maria de Semide conserva a memória de cerca de dez séculos de história, que se ligam, principalmente nos primeiros tempos, à história de Portugal, testemunhando uma forma de ocupação do espaço, própria do período da Reconquista (ALMEIDA, 2003, p. 123).A primeira referência documental sobre Semide, data de 1154. É uma carta passada por D. Afonso Henriques onde se menciona o nome do abade, D. João, e o interesse na instituição por parte do Bispo de Coimbra e seu irmão, Martim Anaia. Esta família encontra-se ligada ao mosteiro desde os primeiros tempos, tendo sido uma neta de Martim Anaia a instituir, em 1183, o convento feminino que sucedeu a esta primeira casa masculina, ou que foi fundado após a sua extinção (IDEM; MELO, 1992, p. 17).No decorrer da primeira metade do século XVI, as tentativas de reforma estiveram ligadas a religiosas cistercienses, e desde esta época há indicações sobre o desejo de extinguir o convento de Semide, e enviar as religiosas para Santa Ana, em Coimbra, o que, na verdade, veio a acontecer, mas por um breve período e somente no século XVII (ALMEDA, 2003, pp. 124-125; MATTOSO, 1974, tomo II, p. 35).Do convento primitivo parece não ter subsistido qualquer elemento, e a construção mais antiga que se conhece é o claustro inferior, de cerca de 1540, com cinco vãos de arcos semicirculares, suportados por colunas toscanas, e com arcos-capelas que originalmente continham retábulos (este viria a sofrer fortes danos com o incêndio ocorrido em 1990). Todavia, as intervenções levadas a cabo em 2001 permitiram concluir com certeza que a área ocupada pelas edificações medievais correspondia ao claustro quinhentista e à igreja (SILVA, 2003, pp. 129-130).A história do convento de Semide ficou marcada pelo incêndio de grande amplitude, em 1664, que obrigou a uma renovação do conjunto monástico, só parcialmente concluída. Exemplo desta situação é o claustro superior, com apenas duas alas, e mais tarde revestido por azulejos de tipo coimbrão. A igreja estava terminada em 1697 e o seu equipamento decorativo é bem característico da arte do reinado de D. Pedro II. De planta rectangular, com capela-mor e coro nas extremidades, e porta principal na fachada lateral, a igreja é revestida por azulejos seiscentistas de tipo tapete na zona do coro. A capela-mor exibe tecto de caixotões com representações da vida de São Bento, e retábulo-mor de talha dourada, característico do denominado estilo nacional ou proto-barroco, com as imagens de São Bento e Santa Escolática. No exterior, o portal é o elemento de maior destaque, de linguagem barroca, flanqueado por pilastras e encimado por medalhão com a imagem de São Bento e escudo da ordem, envolto por aletas.Os azulejos da nave e da capela baptismal remontam a uma campanha decorativa mais avançada, já da segunda metade do século XVIII. Os silhares recortados enquadram figurações de cenas da vida da Virgem, com medalhões inferiores de paisagens. De acordo com Santos Simões, um painel existente no Museu Machado de Castro, e proveniente da igreja de Semide, está datado de cerca de 1784 (SIMÕES, 1979, p. 151). O órgão, atribuído ao organeiro António Xavier Machado e Cerveira deverá ser contemporâneo desta segunda campanha. O mesmo acontece com os azulejos que revestem o claustro quinhentista, assinado por Sousa Carvalho e datados de 1784.A extinção das Ordens Religiosas não trouxe consigo o encerramento imediato do convento, uma vez que a última freira faleceu, apenas, em 1896, data em que se encerrou o edifício passando a igreja para a paróquia. Alvo de novo incêndio em 1990, que afectou essencialmente o primeiro claustro, o convento foi depois objecto de um projecto de reabilitação e requalificação.(Rosário Carvalho) www.ippar.pt/pls/dippar/pat_pesq_detalhe?code_pass=74998See where this picture was taken. [?]

Data: 11 de julho de 2009, 09:54

Autor: Vitor Oliveira

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