Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres de Aldeia Galega da Merceana
A igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, de Aldeia Galega de Merceana, revela, hoje, na sua estrutura, as muitas campanhas de obras de que foi alvo, desde o século XVI até aos nossos dias. Esta capacidade da arquitectura de acumular as marcas de diferentes épocas, permite-nos reconstruir, ainda que de forma genérica, a evolução deste templo.Assim, o actual portal principal, manuelino, a par da abóbada da capela lateral ou da inscrição renascentista da pia baptismal, fazem recuar o templo primitivo ao século XVI, e a uma data anterior à de 1556, que se encontra na lápide funerária da referida capela. É muito provável que, no século XVII, tenha havido nova intervenção, a que se sucedeu uma outra, na primeira metade do século XVIII, pois os azulejos da capela-mor foram executados nesta época, tal como outros elementos joaninos que se conservam. O terramoto deverá deixado marcas profundas, que obrigaram a nova remodelação, esta já no período pombalino: os azulejos da nave, ou a talha dos púlpitos e retábulos assim o indicam.Como acontece com boa parte das igrejas ditas rurais, a arquitectura é bastante simplificada, acentuando-se determinadas linhas através da sua pintura. A fachada principal é antecedida por uma galilé, mais baixa e que se destaca do corpo da igreja. Apresenta planta quadrada, e é aberta nos seus três lados por arcos de volta perfeita. No pano do alçado, e junto ao telhado da galilé, rasga-se a janela do coro. Neste mesmo plano encontramos duas torres, mas apenas uma delas tem sineiras e é rematada por cúpula. A outra, do lado do Evangelho, não se eleva mais do que o nível do templo. Tal facto poderá indicar que nunca foi terminada ou, em alternativa, que ruiu com o terramoto sem que fosse reerguida, o que se revela algo estranho se considerarmos que toda a igreja foi alvo de uma campanha de obras a seguir a 1755. O portal principal, em arco canopial ladeado por colunas torsas, é um dos poucos vestígios da igreja quinhentista.No prolongamento da fachada Norte, desenvolve-se uma alpendrada de colunas toscanas (com porta lateral), que termina no volume saliente da capela funerária já referida.Se o exterior apresenta um conjunto de linhas sóbrias e depuradas, o interior é pródigo em elementos decorativos, que visam enobrecer o espaço, ao mesmo tempo que transmitem uma imagem iconográfica precisa. Na nave, o revestimento azulejar (azul e branco com cercaduras polícromas) ilustra episódios do Antigo e Novo Testamento. Sobre estes, dispõem-se várias telas setecentistas. O tecto é de madeira pintada, com a representação central da Assunção da Virgem. Por sua vez, a talha polícroma extravasa os retábulos, encontrando-se no coro, nos dois púlpitos situados a meio da nave, nas sanefas sobre portas, janelas e arco triunfal e nos próprios altares colaterais. Na capela-mor, o retábulo é também de talha polícroma, e o tecto pintado com figurações dos Evangelistas e, ao centro, Cristo e a Virgem.(Rosário Carvalho) www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-im...
Data: 16 de janeiro de 2020, 21:39
Autor: Vitor Oliveira