Túmulo de D. João das Regras, na Igreja de São Domingos de Benfica
A igreja primitiva integrava o antigo Convento de São Domingos de Benfica, fundado em 1399, numas casas doadas por D. João I, por acção do seu confessor Frei Vicente de Lisboa e de D. João das Regras. Essa construção viria a ruir e a ser consequentemente demolida, edificando-se, entre 1624 e 1632, o templo actual sob orientação do Padre Mestre Frei João de Vasconcelos. Funcionou como paroquial de São Domingos de Benfica até à década de 70 do séc. XX, altura em que foi construído um novo templo, que adquiriu essas funções, passando esta igreja para as mãos da Força Aérea Portuguesa, com a substituição do orago inicial de São Domingos pelo de Nossa Senhora do Rosário. Classificada como Imóvel de Interesse Público, traduz um exemplar de arquitectura religiosa maneirista. De planta em cruz latina, apresenta nave única com transepto saliente, coro situado para além do retábulo do altar-mor, capelas comunicantes e abóbada de berço com caixotões na cobertura. A sua fachada principal, rematada por empena triangular sobrepujada por cruz e definida lateralmente por dois cunhais em cantaria, coroados por pináculos e putti sentados, surge animada pela articulação entre um janelão rectangular e um portal em arco recto, inscrito numa moldura de feição maneirista em arco de volta inteira e enquadramento rectangular, sobrepujado por frontão curvo interrompido, encimado por uma cruz. As armas dos dominicanos portugueses, assim como a data de edificação da igreja, `1632`, são visíveis, respectivamente, na parte superior do portal e na verga. No interior merecem destaque: os painéis de azulejos figurativos de António de Oliveira Bernardes; o retábulo-mor e os altares de talha maneirista de Jerónimo Correia; as esculturas de Manuel Pereira; as telas pintadas por André Gonçalves e Vicenzo Carducci; a inscrição tumular que indica a sepultura de Frei Luís de Sousa; e o túmulo de D. João das Regras. Obra de referência na tumulária medieval, o túmulo de D. João das Regras, falecido no início do séc. XV, (1404), está classificado como Monumento Nacional. Trata-se de uma arca parelelepipédica, brasonada, executada em mármore branco proveniente da região de Montelavar, assente sobre quatro leões e encimada por uma estátua-jacente do sepultado representado com barrete e vestes de letrado, com uma gola larga segura por três botões. A figura, com a mão direita sobre o peito segurando um livro, apresenta do seu lado esquerdo uma espada com um cinturão e o punho lavrado com minúcia. Da mesma forma, a minuciosa decoração do cinto é visível na boa definição da fivela e da ponteira. Pode ainda observar-se um cão, em posição de vigília, aos pés do jacente. As quatro faces laterais da tampa, sobre a qual se encontra a estátua-jacente, apresentam a seguinte inscrição: Aqi/jaz/joan/daregas/caualeiro/doutor/em/leis/priuado/delrei/dom/joan/fundador/deste/mosteiro/finou/III/dias/de/maio/era/M/IIIC/XL/II/annos`. Estamos perante um monumento com 215 cm de comprimento, 90 cm de largura, 53 cm de altura (arca) + 12 cm (faixa), onde os leões sobre os quais assenta o túmulo medem cerca de 30 cm de altura. O exterior da Igreja do Convento de São Domingos de Benfica (actualmente o Instituto Militar dos Pupilos do Exército) foi a sua localização primitiva, tendo sido transferido, já no séc. XVII, para a igreja que sucedeu àquele templo, a actual Igreja de Nossa Senhora do Rosário. www.cm-lisboa.pt/equipamentos/equipamento/info/igreja-de-...
Data: 20 de novembro de 2018, 17:37
Autor: Vitor Oliveira
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Link origem: https://pt.wikipedia.org/wiki/File:Igreja_de_Nossa_Senhora_do_Ros%C3%A1rio_-_Lisboa_-_Portugal_(31036204587).jpg