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Casa de Santa Eufêmea

Pertença da família Amaral Pessoa até ao último quartel do século XIX, a Quinta de Santa Eufémia manifesta, na arquitectura da sua casa e na capela que se lhe encontra associada, com a pedra de armas no remate do edifício, uma imagem de poder e de relevo social que, certamente, os seus proprietários pretendiam alcançar com esta construção. A quinta estende-se bem para lá da casa de habitação, prolongando os jardins mais próximos através de terrenos de vinha e cultivo, com anexos rurais de apoio, construídos em granito. De planta irregular, a casa desenvolve-se em diferentes volumes, sendo a fachada virada a Poente, marcada pela escadaria de lanços convergentes, que permite o acesso à entrada, antecedida por balcão. Na sua continuidade, desenvolve-se um outro alpendre, suportado por colunas e pilares que se articula, parcialmente, com um lago. Estas coberturas, juntamente com a varanda, a Norte, animam e conferem algum dinamismo a estes alçados, cujos vãos de verga recta denotam grande depuração. Na verdade, apenas a fachada da capela revela uma maior preocupação decorativa, ainda que concentrada no seu coroamento, cujo frontão formado por aletas exibe o brasão de armas dos Amarais e Pessoa. Como a grande maioria da arquitectura civil portuguesa de Setecentos, também a casa de Santa Eufémia se caracteriza pela horizontalidade das suas linhas, ainda que a planta seja mais complexa do que a denominada casa comprida, e a capela se encontre paralela à fachada e não no seu prolongamento. Em oposição à capela, uma fonte de recortes já rococó, equilibra estes volumes. É revestida por azulejos de enrolamentos azuis e brancos sobre fundo marmoreado em tons de amarelo, e o nicho acolhe a imagem de Nossa Senhora com o Menino. Os interiores conservam a estrutura original, destacando-se as várias lareiras existentes, pressentidas do exterior através das múltiplas chaminés que se elevam sobre o telhado, denotando uma preocupação com a questão do aquecimento que reclama um estudo mais global. Os azulejos enxaquetados existentes em diversos espaços são provenientes do Real Mosteiro de Santa Maria de Meceira Dão, tal como o lambrim que reveste a capela (GAMBINI, Processo de Classificação, IPPAR/DRC). De notar que a antiga cozinha foi transformada em sala de estar, ainda que conservando parte do seu mobiliário original, como os armários embutidos. Por fim, a capela comunica com a casa através do coro-alto, destacando-se, no seu interior, o retábulo rococó, com sacrário joanino de proveniência desconhecida, bem como as imagens de S. Joaquim e Santa Ana, atribuíveis às oficinas de escultura da renascença coimbrã (IDEM). O brasão dos Amarais e Pessoa encontra-se também presente nos bancos corridos que aqui se encontram, denunciando uma preocupação em marcar a sua presença no espaço sagrado. Muito embora seja difícil, face aos dados disponíveis, determinar com exactidão a data de edificação da casa de Santa Eufémia, esta remonta, muito possivelmente ao século XVIII, época que coincide com um maior desenvolvimento de Mangualde (IDEM).Ao longo desta centúria foi objecto de outras intervenções, que incidiram sobretudo nos exteriores, entre as quais destacamos a fonte rococó, e o equipamento da capela, também já da segunda metade de Setecentos. (Rosário Carvalho)

Data: 1 August 2013, 22:20

Autor: Vitor Oliveira from Torres Vedras, PORTUGAL

Copyright: https://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.0/deed.en

Link origem: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Casa_de_Santa_Euf%C3%A9mia_-_Tibaldinho_-_Portugal_(9416485611).jpg